O que passa na minha cabeça

Toda mulher, desde que se entende como gente, vive dilemas. Algumas encaram esse dilema eterno com amargura, tristeza, depressão... Outras, com bom humor. E encarar a vida com bom humor é um santo remédio pra rugas! Aqui vou escrevendo as coisas que vou vendo por aí, conto algumas experiências minhas, experiências de minhas amigas, amigos... Claro, sempre preservando a intimidade, algumas coisas que conto não aconteceram bem assim, mas poderiam ser... Enfim, realidade e ficção... São duas possibilidades e ai tem mais um dilema: A vida imita a arte ou vice versa?
Como escrevo numa paulada só, ou seja, sento , escrevo e publico, as vezes engulo uma letra, repito uma palavra. Acabo não fazendo correção do texto por medo de perder a espontaneidade. Então, perdoem meus pequenos errinhos, podem até me mandar um comentário mostrando. Espero que todos se divirtam aqui.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

O lado negro da força.





Fiquei revoltada... é fiquei mesmo. A minha revolta se dá a ignorância e a falta de profundidade das pessoas. Ao se ler uma manchete e se achar entendedor de toda a notícia! Da falta de discernimento e dos discursos populistas que são um grande câncer em nossa sociedade. Desculpe-me a franqueza, mas você ai que defendeu a continuidade para a maioridade penal de 18 anos, acho que não compreendeu do que se tratava.
Primeiro, não se pensou em mandar para cadeia um garotinho pobre que roubou um pão por fome... Nem um jovem viciado que comete pequenos furtos para sobreviver, porque a sociedade o abandonou. Não, falamos de crimes hediondos e os listo para quem ainda não sabe do que se tratam:
  • homicídio (art. 121 do CP);
  • homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V e VI do CP);
  • latrocínio (art. 157, § 3º, do CP);
  • extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º, do CP);
  • extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º, do CP);
  • estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º, do CP);
  • estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º, do CP);
  • epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º, do CP);
  • falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, §1º-A, § 1º-B, do CP);
  • genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei 2.889/56).
Ou seja, crimes que fogem à condição de humanidade e posso garantir que um adolescente de 16 anos sabe muito bem discernir o que um ato de barbárie.
O discurso dos “contra a redução” é de que só puniríamos crianças pobres e abandonadas. Pois bem, afirmo que pobreza não é condição para mau caratismo, nem acesso a “programas sociais” determina se você é bom ou mau. As redes sociais estão cheias de exemplos de pessoas saídas dos lugares mais pobres e violentos, que conseguiram resistir à grana rápida de um roubo ou de um aviãozinho, aos apelos da sociedade consumista que lhes dizia que precisavam desesperadamente de coisas para ostentar, e seguem suas vidas com dignidade, ostentando o que o ser humano tem de melhor; o caráter e a honestidade.
O que vamos dizer aos pais das quatro meninas que foram tirar uma selfie num ponto turístico de uma cidade do Piauí e foram estupradas, apedrejadas e jogadas de um penhasco, uma nunca voltará para casa. Vamos dizer que eram três crianças pobres dominadas por um adulto predador? Vamos dizer que a culpa é delas, por terem ido a um lugar afastado para tirar fotos com suas amigas? Desculpem-me, mas se eu fosse a mãe de uma delas, eu estaria com vontade de abandonar esse mundo. Eles são adolescentes, mas não são estúpidos! São plenamente capazes de saber o que é certo e errado e eles sabiam, tanto que tentaram se livrar das provas. Eles tiveram escolha, eles podiam ter dito não! Como dizia um grande sábio: você tem sempre escolha, mesmo se colocarem uma arma na sua cabeça e te mandarem fazer algo errado, você tem escolha; mande apertar o gatilho!
E falo isso com propriedade, pois criei dois rapazes, que desde muito cedo sabiam o que era certo e o que era errado, que sempre sofreram as boas ou más conseqüências de seus atos. E se não bastasse isso, convivo há muitos anos com alunos adolescentes e sei que são muito capazes de fazem julgamentos. E por último, meu irmão trabalha em uma unidade da Fundação Casa e tem histórias que dão pesadelos em qualquer um. Ao dizer que são incapazes de pagar seriamente por seus atos, estamos os chamando de ignorantes. E mais, estamos sustentando uma indústria do crime, especializada em utilizar “os de menor” na certeza da impunidade! Ou seja, estamos realmente condenando alguns ao crime e a muitos ao medo.
Não sou a favor de colocarem os adolescentes infratores nessas penitenciarias que temos, mas em unidades especiais para eles, mas que cumpram pena, que podem também ter caráter socioeducativo. Mas eles não podem ser tratados como adolescentes infratores, quem comete um dos itens da lista de crimes hediondos é um CRIMINOSO, independente se tem 16 ou 50 anos.
Mas depois de tudo isso, na verdade o que me revolta é saber que a emenda não passou por puro interesse político, que foram passadas mensagens com algumas orientações, porque o autor da emenda é da oposição e só por isso o “soy contra” predominou em alguns. O que me revolta são as pessoas popularescas sendo usadas para mascarar a real verdade. E o circo armado, com estudantes*, grito e empurra empurra e logo depois os cartazes dizendo “vencemos”. Sorry, mas ninguém venceu, todos perdemos. Este é o lado negro da força, nos dão um poder que não sabemos controlar e nos fazem acreditar que o que é ruim, é bom e vice versa. Nos deixando cegos ao que realmente acontece.

* Preciso fazer um comentário sobre isso: a grande maioria dos estudantes não sabe realmente acontece, fui adolescente e estudante em uma época de protestos contra ditadura, diretas já e assisti aos “caras pintadas” com muita atenção, lendo jornais todos os dias, vendo vários telejornais (os tendenciosos, os sensacionalistas, os “quase” imparciais”), as revistas editadas na época e posso dizer: duvido que meus colegas sabiam realmente o que faziam nas manifestações, muito foram para matar aula! Se para mim, foi difícil julgar e separar joio de trigo, imagina agora, num tempo no qual a notícia muda a todo tempo e a informação é curta e sem profundidade?

E só para que se lembrem: o líder estudantil Lindberg Farias, líder do movimento dos cara pintadas, que lutava contra a corrupção no governo Collor,  é hoje Senador e está sendo investigado na Lava Jato. Por isso, meus queridos, cuidade nem tudo que reluz é ouro!

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