O que passa na minha cabeça

Toda mulher, desde que se entende como gente, vive dilemas. Algumas encaram esse dilema eterno com amargura, tristeza, depressão... Outras, com bom humor. E encarar a vida com bom humor é um santo remédio pra rugas! Aqui vou escrevendo as coisas que vou vendo por aí, conto algumas experiências minhas, experiências de minhas amigas, amigos... Claro, sempre preservando a intimidade, algumas coisas que conto não aconteceram bem assim, mas poderiam ser... Enfim, realidade e ficção... São duas possibilidades e ai tem mais um dilema: A vida imita a arte ou vice versa?
Como escrevo numa paulada só, ou seja, sento , escrevo e publico, as vezes engulo uma letra, repito uma palavra. Acabo não fazendo correção do texto por medo de perder a espontaneidade. Então, perdoem meus pequenos errinhos, podem até me mandar um comentário mostrando. Espero que todos se divirtam aqui.

domingo, 3 de agosto de 2014

Por trás dessa lente também bate um coração



Pois é... Todo mundo um dia passa por isso.
Quando somos crianças e usamos óculos, todo mundo nos chama de "quatro olhos". Se for lente grossa, "fundo de garrafa" e outras cositas bem simpáticas.
Na minha família, tem um monte de Quatroolhos e Fundodegarrafa. E eu? Estava me achando imune as lentes, mas que nada...
Quando chegamos a "certa idade", não tem jeito; ou você desenvolve uma tal de presbiopia, ou todas aquelas coisinhas que você já teve, voltam com tudo! E comigo não podia ser diferente, não é?
Fui estrábica na infância, coisa comum na minha família, tem sempre um vesguinho, é até charme. Lembro de ir comprar óculos com a minha mãe, eu estava me achando importante, afinal usar óculos era tão legal! Até chegar na escola... Quatro olho, quatro olho! Naqueles tempos, bullying era uma palavra que nem existia no nosso dicionário e vivíamos ouvindo; se apanhar na escola, apanha de novo em casa, arrumar encrenca  na escola estava fora de cogitação, ainda mais pra mim, que era medrosa de carteirinha. Af! Eu me sentindo a tal, ai vem aquele moleque chato e puxa o coro... Vontade de dar um "muquete" (como se dizia) na boca do cretino! Mas claro, ficava na vontade e engolir o choro, era o mais acertado.
Uma vez, resolvi dar uma acertadinha nos meus óculos... Quebrei! Nem preciso falar que levei umas belas palmadas, porque claro, naquele tempo, os pais podiam dar palmadas nos seus filhos...
Fiquei uns dois anos usando as lentes e o estrabismo sumiu.
E assim, minha vida veio seguindo; óculos? Só de sol! De preferência, Ray Ban (tenho um wayfarer original, com lente BL, que tem exatamente a idade do meu filho número 2! Relíquia de família.).
Mas eis que chego aos 40... Comecei a deixar passar erro nas provas dos meus alunos e a ficar em situação embaraçosa. Consulta no oftalmo e saio de lá com uma receita de lentes pra leitura, hipermetropia, não conseguia enxergar de perto. Claro que comprei uma armação bem pequena e baratinha, imagina, se eu ia gastar dinheiro com algo que eu ia usar tão pouco! E era aquela tira e põe, o dia todo... Uma vez por ano, eu ia lá dilatar a pupila, fazer um exame numa máquina que dá um soprinho no olho e usar uma coisa engraçada na cara, cheia de lentes escamoteáveis, tendo que ler uma série de letrinhas que vão diminuindo. Um belo dia, ouvi uma palavra engraçada: astigmatismo! Eu a ouvia, pois meu filho numero 2, também tem e eu sempre ficava mortificada todas as vezes, desde os dois anos que ele dizia pro tio do olho: num xergo! Então, deveria usar lentes bifocais! Mas nunca! Isso é coisa de velho, aqueles óculos com aquelas marquinhas? Para passar de vez meu atestado de velhice? Never! Teimei e teimei, só usava óculos pra leitura... Ninguém me via de óculos, só quando eu ia ler, ai tinha até uma gracinha.
Dois anos atrás, fui renovar minha carteira de habilitação e eis que na hora do exame de visão, tudo embaçado! E o médico me olha e diz: você não usa óculos? E eu balancei a cabeça em negativa. Ele até que foi compreensivo e me disse: - é a ultima vez que você vai conseguir renovar a CNH sem óculos! Putz, ferrou! Usar óculos pra dirigir? A treva total!
Depois de relutar muito, lá vou escolher uma lente bifocal... Ouvi da moça da ótica, que agora é multifocal... Ela me mostrou coisas na casa do quatro dígitos... No way! Como posso gastar tanto nunca coisa que nem quero? Escolhi de novo, uma armação super baratinha e uma lente com preço decente... Todo mundo me dizia que eu ia passar mal, que ia me dar enjoo, que isso, que aquilo...
Que nada, passeial? Não. Enjoeei? Não! Só me arrependi de ter comprado uma armação tão pequena...
Nos dias de hoje, não saio nem da cama sem os óculos. Vira e mexe, coloco os óculos na balada, porque num tô vendo nada e de repente ouço: - tiiiiiiiiiiira o óculos! Ai meu zeus, que crime, na balada, de óculos! Eu tiro, mas tenho a impressão que tô pelada.
Outro dia, esqueci meus óculos no carro, cheguei no trabalho e o pessoal todo falando comigo e eu disse: - Gente, sem óculos, fico surda! Saí correndo buscar meu acessório!
Agora, tenho que assumir, não fico mais sem, assumi uma armação mais estilosa, grandona e confortável. Até meu corte de cabelo foi pensado nos óculos...
Apesar de eu não ter nascido de óculos, não ter sido assim, vou acabar de óculos, com orgulho e de estilo; tô louca por uma armação gatinho...
Se eu tô alegre eu ponho os óculos e vejo tudo bem
Mas seu eu tô triste eu tiro os óculos, eu não vejo ninguém!
Outro dia até ouvi que é charmoso mulher de óculos... Mas ainda está longe de me sentir.

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