O que passa na minha cabeça

Toda mulher, desde que se entende como gente, vive dilemas. Algumas encaram esse dilema eterno com amargura, tristeza, depressão... Outras, com bom humor. E encarar a vida com bom humor é um santo remédio pra rugas! Aqui vou escrevendo as coisas que vou vendo por aí, conto algumas experiências minhas, experiências de minhas amigas, amigos... Claro, sempre preservando a intimidade, algumas coisas que conto não aconteceram bem assim, mas poderiam ser... Enfim, realidade e ficção... São duas possibilidades e ai tem mais um dilema: A vida imita a arte ou vice versa?
Como escrevo numa paulada só, ou seja, sento , escrevo e publico, as vezes engulo uma letra, repito uma palavra. Acabo não fazendo correção do texto por medo de perder a espontaneidade. Então, perdoem meus pequenos errinhos, podem até me mandar um comentário mostrando. Espero que todos se divirtam aqui.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

" E faço novas todas as coisas" e as nãocoisas!

Primeiro: sou assim mesmo, de repente me dá um cinco minutos e desembesto a escrever sem parar. Hoje, é um desses cinco minutos.

Todo mundo sabe que eu adoro um brechozinho e sou famosa por adorar uma velharia. Adoro reformar roupa e coisas em geral. Acho que porque sou meio metida a besta e gosto de coisas que ninguém tem, só eu, então eu faço, reformo ou restauro!
Ultimamente tenho me divertido restaurando móveis usados. Os antigos diziam que quando a pessoa não tem parada, é irriquieta  e fica procurando o que fazer, é porque está com bicho carpinteiro*. Na verdade, as vezes, eu tenho bicho bordadeiro, outras bicho costureiro, já aconteceu bicho tricoteiro e ultimamente tenho estado com Bicho Marceneiro!
É muito legal pegar um móvel bem maltrado, a venda no Mercatudo André Luiz (paraíso) e dar um up grade! Agora posso dizer que tenho a sala de jantar dos meus sonhos, está tudo com a minha cara!
Mas da onde será que vem essa vontade de restaurar coisas? Quanto mais experiente, mais detalhes a gente percebe de si mesma. Então, percebi que todas as vezes que fico triste, decepcionada, magoada, sou acometida por um desses bichos. Fiquei bem magoada ultimamente e o que melhor que uma coisa bem difícil de fazer pra curar as mágoas? Afinal, os móveis (madeira, minha favorita; embuia) são pesados, lixar cansa e suja muito, já aconteceu de fazer uma coisa e precisar desfazer e assim vou gastando os sentimentos ruins que as vezes me atacam.
Enquanto torno uma coisa feia e sem graça, suja e desgastada em algo bonito de novo, vou renovando meus sentimentos. Outro dia, até escrevi versinhos e publiquei no Facebook:

Restauração.

Restaura-se móveis velhos, usados e esquecidos

Lixa, parafusa, cola, pinta, encera.
Enquanto a lixa retira os anos de verniz esquecido
tira também as mágoas que ficam grudadas
Enquanto se parafusa a porta caída
Aperta a esperança de que tudo vale a pena
Enquanto a tinta cobre delicadamente as falhas da madeira
Suavemente tudo que ficou feio e triste, renasce

Enquanto a cera devolve a vida a madeira julgada morta
A beleza das coisas simples se mostra.
E assim faço novas as coisas
O que era feio, velho e esquecido,
se torna belo, importante e vivo.
O que estava triste, apagado e ferido,
se torna forte, esperançoso e novo...
de novo.

Mas eu não gosto só de restaurar móveis, roupas e coisas. Gosto também de restaurar as nãocoisas, ou seja, as gentes. Gosto também das pessoas complicadas, meus melhores amigos, tem sempre muitos dilemas na cabeça. Quando eu estava professora, eu gostava muito mais dos alunos problemáticos, ainda gosto! Tenho a impressão que essas pessoas que o mundo rotula, são tão mais interessantes, tem sempre algo por trás de um monte de conflitos, vai ver por isso resolvi me dedicar a estudar a cuca... As vezes, eu consigo ajudar alguém a se restaurar, porque diferente das coisas, as nãocoisas é que tem que se restaurar sozinhas, com ajuda, mas sempre por elas mesmas, não dá pra lixar e envernizar um coração partido. Nem sempre dá certo, as nãocoisas são muito complicadas. O que importa, é o fazer, assim como os móveis, quando a gente raspa a tinta que está por cima, tem sempre uma surpresa, muitas vezes é agradável!
Enquanto restauro as coisas e ajudo as nãocoisas, vou me restaurando internamente. Aquele momento triste, passa a ser um momento criativo e que dá frutos agradáveis, pelo menos aos meus olhos... Ah, tem gente que detesta minhas obras de arte, e daí? Não pra agradar ninguém...
tem uma peça que está dando um trabalhão, faz duas semanas que trabalho nela, claro que não posso me dedicar, tenho outras coisas a fazer, comecei com uma idéia e acabou tomando um rumo totalmente diferente... Acredito que essa peça é o simbolo da transmutação, enquanto eu tiver um pingo de mágoa, ela não ficará pronta... Ela está quase... No sábado, estará na minha sala e eu estarei nova.
Claro que eu sei que nem todo mundo tem jeito pra essas coisas, mas fica a dica: quando estiverem magoados, procurem algo que lhes dê prazer para fazer, geralmente, algo simples, a felicidade está sempre nas pequenas coisas, a mágoa passa mais de pressa.
Essa frase que dá nome ao post, saiu do livro do Apocalipse de São João, capítulo 21, versículo 5. Não sou religiosa, mas tenho muita fé e leitura sempre faz muito bem, vale a pena dar uma lida...
PS - *bicho carpinteiro = de onde vem essa expressão? Isso sempre me intrigou. Pesquisando, descobri que na verdade os antigos diziam que a pessoa irriquieta parecia estar com bicho no corpo inteiro e com o tempo foram juntando e virou bicho carpinteiro! Tem mais lógica!

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